A borda da lagoa quer me alagar
É caminho de Iansã, ó lá vai o pé,
A ciclovia quer me pedalar
Quer enfeitar de incensos
Enxertar palmeira grande
Na barra funda do mato velho
Que se Nonô não disse, ele falou
A oca mora dentro de nós, curumim
A oca é onde a gente estiver
A pele é que constrói a tauba da casa
Varanda de onde os sonhos mira o rio
Mira a via, barro novo
Onde o velho ferro molda a passagem de quem vai
Junto aos tantos que já foram, Camará
Nós somos, na lama
Parafuso, cadeira e canção
Nós somos, na margem,
Paralelepípedo e fundição
Que a nossa Ocara, grande-çú, do universo
Seja Qüera, Ita, Caba, para o Paraná nadar
E que a nossa voz e corpo e sangue
Seja a várzea da vida dos antigos, piá
Dos novos pedaços de nós na terra-berço
Que nos fez brotar, saravá!
Alexandre Falcão de Araújo
04 de abril de 2012

Nenhum comentário:
Postar um comentário