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domingo, 27 de setembro de 2015
Primeiras palavras ao Norte
Primeiras palavras pra Sorte
Seguir abrindo portas nessa nova temporada
Seguir abrindo lares, corações e estradas
Seguir ensolarando e incandescendo
De paixão, amor e coragem
A jornada nesta nova paragem
Parque o suor seja bem-vindo
Que a saudade se enfrente sorrindo
Que o inverno seja aceito como estação
Em que certos desejos se calam por um tempo, mas não em vão
Que a hora agora é de nova semeadura
É de preparo, de replantio, colheita futura
Colheita presente, colheita infinita
Dos frutos nascido de histórias distintas, mas, sempre bonitas.
La chica en la frontera
¿Qué mira la niña sobre el puente?
¿Qué puentes construye a partir de su mirada?
¿Qué busca en Brasil, si no tiene Soles, no tiene casi nada?
Sino su belleza, su alegría y su cultura,
sino su fantasía, su color, su escultura,
que en danza chistosa anuncia:
ellas es toda frontera,
desde su niñez hacia la juventud.
Ella es toda potencia
de revolución, prostitución o inteligencia
en beber de la fuente de la Floresta
o ser servida junto al pollo o al chicharrón.
“¿Ya han conocido chicas?”
“í Hay que hacer comercio, integración!”
No, pequeña, tu sonrisa puede abrirse más allá del horizonte de Iñapari,
puede ser más fuerte que el cartel de Cali,
puede ser más rojo que el outdoor de Perú,
puede ser más sencillo si tu norte es el Sur,
puede ser menos amarga que la cerveza Bahía,
en esta tierra que tu gente elegía.
Pa’ que sepas que la historia no termina en las cloacas de tu pueblo,
ni en la aduana al otro lado del río.
Y que el acre olor de la gente
es sangre encarnado en esperanza que siente
que la memoria de los siglos no se puede despedazar,
pues aunque el colonizador avance,
nuestras lenguas, músicas y luchas no van agotarse,
sino bailar de broma en la frontera,
sino hacer de la vida una carretera,
adonde siguen abiertos los caminos
de nuestra Latinoamérica patria de niños.
domingo, 1 de abril de 2012
Mato Grosso em Brejo Raso
À beira da lagoa, capim vai
A borda da lagoa quer me alagar
É caminho de Iansã, ó lá vai o pé,
A ciclovia quer me pedalar
Quer enfeitar de incensos
Enxertar palmeira grande
Na barra funda do mato velho
Que se Nonô não disse, ele falou
A oca mora dentro de nós, curumim
A oca é onde a gente estiver
A pele é que constrói a tauba da casa
Varanda de onde os sonhos mira o rio
Mira a via, barro novo
Onde o velho ferro molda a passagem de quem vai
Junto aos tantos que já foram, Camará
Nós somos, na lama
Parafuso, cadeira e canção
Nós somos, na margem,
Paralelepípedo e fundição
Que a nossa Ocara, grande-çú, do universo
Seja Qüera, Ita, Caba, para o Paraná nadar
E que a nossa voz e corpo e sangue
Seja a várzea da vida dos antigos, piá
Dos novos pedaços de nós na terra-berço
Que nos fez brotar, saravá!
Alexandre Falcão de Araújo
04 de abril de 2012
A borda da lagoa quer me alagar
É caminho de Iansã, ó lá vai o pé,
A ciclovia quer me pedalar
Quer enfeitar de incensos
Enxertar palmeira grande
Na barra funda do mato velho
Que se Nonô não disse, ele falou
A oca mora dentro de nós, curumim
A oca é onde a gente estiver
A pele é que constrói a tauba da casa
Varanda de onde os sonhos mira o rio
Mira a via, barro novo
Onde o velho ferro molda a passagem de quem vai
Junto aos tantos que já foram, Camará
Nós somos, na lama
Parafuso, cadeira e canção
Nós somos, na margem,
Paralelepípedo e fundição
Que a nossa Ocara, grande-çú, do universo
Seja Qüera, Ita, Caba, para o Paraná nadar
E que a nossa voz e corpo e sangue
Seja a várzea da vida dos antigos, piá
Dos novos pedaços de nós na terra-berço
Que nos fez brotar, saravá!
Alexandre Falcão de Araújo
04 de abril de 2012

terça-feira, 28 de junho de 2011
Fragmentos Naturais
Fragmentos naturais I
Jaz a tarde, o sol se vai indo
Cantarilham rolinhas em vão
Entre as nuvens vem noite pisada
Horizonte vermelho de chão
Quem há de cantar, crepuscular o entardecer
Sem que venham ao altar comparecer?
Ela vai dizer: hoje à tarde,
Foi bom tão estar à vontade
Curtindo o vento entre as pernas
Curtindo a pele ao sol
Curtindo o curtume que a velha
Fazia cantar em um tom si-bemol.
Fragmentos Naturais II
Minha mãe é o orvalho surgindo
Minha mãe, quando o sol desafina
Minha mãe, paetês que caíram
Minha mãe é égua barranqueira
Para parar de provar poesias baratas,
Cadeiras nas ruas
Para parar de voar como se à tardinha
Estivéssemos nuas
Quando ouvir um canto entardeado
Quando as palmeiras voltarem a balançar
Vai ter tropel de cavalos marchando à noite
E um mundaréu de donzelas pedindo açoite
Quiçá, se entoarmos, venham todas se banhar
Pra lá da barriguda, os pés e as coxas, se lavar.
Então virão os calangos pra dar o seu bote
E o piar de andorinhas anunciará a morte
Sem parar de arder, quando o beijo se esvair
Sem parar de comer o que a Terra mãe parir
Alê Falcão
(rabiscados em algum dia de 2010, entre vagões e plataformas de trem, sentido Luz- Rio Grande da Serra)
Jaz a tarde, o sol se vai indo
Cantarilham rolinhas em vão
Entre as nuvens vem noite pisada
Horizonte vermelho de chão
Quem há de cantar, crepuscular o entardecer
Sem que venham ao altar comparecer?
Ela vai dizer: hoje à tarde,
Foi bom tão estar à vontade
Curtindo o vento entre as pernas
Curtindo a pele ao sol
Curtindo o curtume que a velha
Fazia cantar em um tom si-bemol.
Fragmentos Naturais II
Minha mãe é o orvalho surgindo
Minha mãe, quando o sol desafina
Minha mãe, paetês que caíram
Minha mãe é égua barranqueira
Para parar de provar poesias baratas,
Cadeiras nas ruas
Para parar de voar como se à tardinha
Estivéssemos nuas
Quando ouvir um canto entardeado
Quando as palmeiras voltarem a balançar
Vai ter tropel de cavalos marchando à noite
E um mundaréu de donzelas pedindo açoite
Quiçá, se entoarmos, venham todas se banhar
Pra lá da barriguda, os pés e as coxas, se lavar.
Então virão os calangos pra dar o seu bote
E o piar de andorinhas anunciará a morte
Sem parar de arder, quando o beijo se esvair
Sem parar de comer o que a Terra mãe parir
Alê Falcão
(rabiscados em algum dia de 2010, entre vagões e plataformas de trem, sentido Luz- Rio Grande da Serra)
arquivos zumbis
recuperada do blog antigo... infelizmente a poesia/canção ainda é bem atual...
Quinze minutos na Celso Garcia
Roda nego, pula a corda
Deixa a corda te pular
Olha o carro, sai da rua
Vem logo pra favela
Passa a mão a nuca, velho
Deixa a noite carinhar
A calçada é fria, é suja.
Bem-vindo a minha casa
Gira a mente, gira o sonho
Essa pedra ta foda.
Passa logo, passa nunca
Passarinho do luar
Pára de me ver
Como um ser
Fadado a sofrer
De tentar compreender
Quanto à minha opção
Quanto é minha opção
Vende a alma à passarela
De onde o rio vai se avistar
Joga o barco flutuando
Pela espuma até o mar
A canção ciclando a idéia
O próprio rabo a devorar
O respiro te serena
O devir de outra cena
Te leva
Aonde?
Agosto de 2008
Quinze minutos na Celso Garcia
Roda nego, pula a corda
Deixa a corda te pular
Olha o carro, sai da rua
Vem logo pra favela
Passa a mão a nuca, velho
Deixa a noite carinhar
A calçada é fria, é suja.
Bem-vindo a minha casa
Gira a mente, gira o sonho
Essa pedra ta foda.
Passa logo, passa nunca
Passarinho do luar
Pára de me ver
Como um ser
Fadado a sofrer
De tentar compreender
Quanto à minha opção
Quanto é minha opção
Vende a alma à passarela
De onde o rio vai se avistar
Joga o barco flutuando
Pela espuma até o mar
A canção ciclando a idéia
O próprio rabo a devorar
O respiro te serena
O devir de outra cena
Te leva
Aonde?
Agosto de 2008
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
huuuuum, chega de melancolia.
o blog "mera existência média" tá de mudança pra este novo blog aqui. aos poucos vou trazendo as poesias do antigo pra esse novo espaço de nome comprido, mas cuja sonoridade eu gostcho muitcho.
Essa é uma das antigas, que resgatamos numa intervenção do ALMA:
Sufi in the city
Amigos ide, pescai
Que as dores não, não doem mais
Amigos ide, pescai
Que as dores não, não doem mais
Ide ouvir Tamanduateí
Ide ver as gaivotas
Então cantar o que há de vivo em si
Então dançar a Ciranda de Gaia
Desfila, desliza, voa baixo,
Baixo à vista
Entoa, respira
O ar da noite, a paz, a brisa
Deixe malabarizar
Frente à avenida
Vem mistério iluminar
Trás das Avenidas
O morcego enxergou
O que há sob o véu de asfalto
E o anjo já plantou
Flores sobre o manto cinza
Flores sobre o manto cinza
---------------------------------
Estamos aqui Sobre o Rio Tamanduateí
Vide as almas passadas
Vide as terras reviradas
Protejei-vos do vento
Clamais os índios dizimados
Senti-vos no centro da civilização
Mantendo as costas escoradas no progresso
E, por isso, daqui elas sairão sujas, maculadas
Não há completude
Onde só há concreto
Setembro de 2008
o blog "mera existência média" tá de mudança pra este novo blog aqui. aos poucos vou trazendo as poesias do antigo pra esse novo espaço de nome comprido, mas cuja sonoridade eu gostcho muitcho.
Essa é uma das antigas, que resgatamos numa intervenção do ALMA:
Sufi in the city
Amigos ide, pescai
Que as dores não, não doem mais
Amigos ide, pescai
Que as dores não, não doem mais
Ide ouvir Tamanduateí
Ide ver as gaivotas
Então cantar o que há de vivo em si
Então dançar a Ciranda de Gaia
Desfila, desliza, voa baixo,
Baixo à vista
Entoa, respira
O ar da noite, a paz, a brisa
Deixe malabarizar
Frente à avenida
Vem mistério iluminar
Trás das Avenidas
O morcego enxergou
O que há sob o véu de asfalto
E o anjo já plantou
Flores sobre o manto cinza
Flores sobre o manto cinza
---------------------------------
Estamos aqui Sobre o Rio Tamanduateí
Vide as almas passadas
Vide as terras reviradas
Protejei-vos do vento
Clamais os índios dizimados
Senti-vos no centro da civilização
Mantendo as costas escoradas no progresso
E, por isso, daqui elas sairão sujas, maculadas
Não há completude
Onde só há concreto
Setembro de 2008
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
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Das palavras
Os pedaços de descontrução da identidade
As compras, as vendas, as trocas e barganhas
Os quase véus da quase Maya
Ou seriam os talvez paraísos perdidos da farsa do El Dorado?
Calendário Maia
Quantos ciclos hão de girar por sobre nossas cabeças confusas enquanto os labirintos da mente são preenchidos por paredes caiadas?
Nada sai do nada
O onde está difícil de achar
O quem está aqui, querendo ser comunidade
O como se traveste de mil formas
Invisíveis ou zumbis
Maquiadas, palhaçadas, estiradas, tropeçadas
Nos ancoradouros vertiginosos dos nossos portos poluídos
Tudo se tranforma
Desejo que os desencontros se reagendem
Que as intempéries nos alimentem
Que as borboletas sobrevivam
Frente às cinzas da metrópole
Que a mariposa bata as asas
Num zumbido mais sonoro que o helicóptero
E que as siriemas ao atravessarem a estrada
Sejam ágeis e espertas
Sábias em adaptar-se a este mundo em que nasceram
Que já estava esboçado quando chegaram
E que segue sendo sempre um rascunho de um cartunista
Que ora parece apaixonado, ora melancólico, ora áspero demais,
Mas que deve ter suas razões
Alexandre Falcão de Araújo
21 de dezembro, quase Natal de 2010
Os pedaços de descontrução da identidade
As compras, as vendas, as trocas e barganhas
Os quase véus da quase Maya
Ou seriam os talvez paraísos perdidos da farsa do El Dorado?
Calendário Maia
Quantos ciclos hão de girar por sobre nossas cabeças confusas enquanto os labirintos da mente são preenchidos por paredes caiadas?
Nada sai do nada
O onde está difícil de achar
O quem está aqui, querendo ser comunidade
O como se traveste de mil formas
Invisíveis ou zumbis
Maquiadas, palhaçadas, estiradas, tropeçadas
Nos ancoradouros vertiginosos dos nossos portos poluídos
Tudo se tranforma
Desejo que os desencontros se reagendem
Que as intempéries nos alimentem
Que as borboletas sobrevivam
Frente às cinzas da metrópole
Que a mariposa bata as asas
Num zumbido mais sonoro que o helicóptero
E que as siriemas ao atravessarem a estrada
Sejam ágeis e espertas
Sábias em adaptar-se a este mundo em que nasceram
Que já estava esboçado quando chegaram
E que segue sendo sempre um rascunho de um cartunista
Que ora parece apaixonado, ora melancólico, ora áspero demais,
Mas que deve ter suas razões
Alexandre Falcão de Araújo
21 de dezembro, quase Natal de 2010
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